quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ramadã leva jogadores da Líbia à provação

A seleção da Líbia terá de enfrentar verdadeira provação para seguir os mandamentos do Islamismo, religião oficial do país. No início de setembro, a equipe comandada pelo brasileiro Marcos Paquetá enfrentará Moçambique durante o período do ramadã – o que significará jogar em jejum, sem poder se hidratar e diante de sérios riscos.
O ramadã é o mês em que os muçulmanos têm de seguir rigoroso jejum durante o dia (saiba mais abaixo). As atividades esportivas costumam acontecer, durante o período, à noite. No entanto, para a partida válida pelas Eliminatórias da Copa Africana de Nações há um problema: Moçambique não tem grandes estádios com iluminação artificial.

Sobre o ramadã
É o mês em que muçulmanos praticam jejum ritual. O descumprimento configura-se em pecado. Segundo a tradição islãmica, o Alcorão – livro sagrado – teria sido revelado por Alá no ramadã, de acordo com as palavras do profeta Maomé. Ao longo desse período, os versos do Alcorão são recitados todas as noites. Pelo fato de o Islamismo seguir o calendário lunar, o mês começa e termina em épocas distintas. Este ano, começará por volta de 10 de agosto.

Para evitar condições extremas para os líbios, o jogo teria de ser adiado. Segundo Paquetá, haverá um pedido formal para a mudança. Mas, até o momento, a Confederação Africana de Futebol (CAF) ainda não acenou com a possibilidade.
Ciente de que o calendário não deve ter alterações, o treinador planeja uma preparação específica.
– Vamos tentar adaptar os jogadores a essa situação. Haverá treinos próximos dessa realidade. Queremos ver suas reações, saber quando o time cairá mais, até para preparar taticamente a seleção em função disso — explicou Marcos Paquetá.
Nas últimas semanas, o técnico consultou especialistas para direcionar sua preparação. Algumas medidas são praticamente certas, como evitar que os jogadores troquem de camisa, para que utilizem o suor para manterem a umidade do corpo. Além disso, haverá vaporizadores no vestiário da equipe.
Tais iniciativas poderão ajudar, mas não serão suficientes. Segundo Paulo Zogaib, fisiologista do Palmeiras, as condições da partida são comparáveis a outras situações extremas, como jogos em elevadas altitudes e sob calor intenso:
– Respeitamos a religião de todos, mas poderiam mudar a data do jogo. No início não sentirão, mas no segundo tempo deve haver fadiga e falta de intensidade nos movimentos. Alguns podem entrar em um quadro de hipoglicemia (baixo nível de glicose no sangue), terem tontura. A hipoglicemia pode ser intensa a ponto de colocar em risco suas vidas. Com a temperatura alta, haveria desidratação. Com a não ingestão de água, o problema se agrava mais.
Vantagem para Moçambique
Os moçambicanos terão considerável vantagem no duelo do início de setembro – ainda não está confirmada se a partida será no dia 3, 4 ou 5 –, já que a minoria da população local é muçulmana. Assim, a seleção poderia se preparar sem restrições para o duelo.
No entanto, há uma discussão em Moçambique sobre a porcentagem de seguidores da região islâmica. O último censo realizado no país, em 2007, apontou 16,1% de muçulmanos na população, contra mais de 40% de cristãos.
Líderes islâmicos moçambicanos, porém, argumentam que sua religião é predominante das maiores províncias do país. Já os cristãos dizem o contrário. Não há confirmação de um novo censo no país nos próximos anos.
LNET!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado!Volte Sempre