sábado, 5 de maio de 2012

Aracruz reverte vantagem, goleia e é campeão capixaba


O desfecho da história parecia pronta há 19 anos. Foi esse o tempo que a torcida do Aracruz esperou, em vão, pelo título inédito do Capixabão. Naquela oportunidade, a conquista escapou pelas mãos diante do Linhares, em 1993. Mas a agonia acabou. E o aracruzense pode soltar o grito da garganta. O Aracruz é campeão capixaba.

Jogando para um Estádio do Bambu lotado desde horas antes da partida decisiva, o Dragão goleou o Conilon por 4 a 1, com grande atuação na segunda etapa, tomou de volta a vantagem que lhe pertencia e pode festejar. De lambuja, levou para casa a vaga na Série D do Campeonato Brasileiro, que começa no próximo dia 27 de maio.

Jogando em busca da vitória, já que perdeu o primeiro jogo por 2 a 1, o Dragão partiu para cima e teve o sucesso esperado. Os gols do jogo no Estádio Eugênio Bitti foram marcados pelo volante Cal Santos, pelo zagueiro Nei, o meia Gilmar e o atacante David, todos na segunda etapa. Paulinho Pimentel descontou. O título em casa coroa a batalha do Aracruz para atuar no Bambu. Após conseguir a classificação diante do Vitória, nas semifinais, o time trabalhou de forma incessante, junto até da comunidade e conseguiu ampliar o Eugênio Bitti para cinco mil pessoas, a capacidade mínima para a decisão do campenoato.


Primeiro tempo

O apito inicial foi a senha para o Aracruz partir para cima do Conilon. Com 40 segundos de jogo, o Dragão teve seu primeiro lance de perigo. Após bola roubada, Cal Santos achou Gilmarn o meio. O capitão lançou David, que tentou a proteção e acabou caindo em trombada com Fernando, dentro da área. A torcida do Dragão pediu pênalti. Pablo dos Santos Alves mandou o jogo seguir. A decisão começou emocionante.

Jogando com um homem a mais na marcação do meio-campo, Aridelson Bianchi deixou Emílio no banco para a entrada de Fábio Santos. Mas aos poucos a pressão do Dragão diminuiu e o Conilon também saiu para o jogo. Aos cinco minutos, após bela troca de passes entre Eduardo e Edu, o Baixinho do time de Jaguaré finalizou de fora da área, fraco, mas no ângulo de Merivaldo, que defendeu em dois tempos. Era o primeiro lance de perigo para o time visitante.

Blitz do Conilon

Nervoso, o jogo parava com muitas faltas no meio-campo. Talvez tentando controlar os ânimos dos jogadores, que disputavam bolas até após as faltas cometidas, Pablo dos Santos Alves apostou em uma arbitragem conservadora, parando bastante o jogo nos primeiros  15 minutos, para desespero da torcida do Dragão, que reclamava de cada falta marcada e a cada interrupção da partida.

Aos 20 minutos, o Conilon tramou uma blitz para cima do Aracruz, logo após contra-ataque de Euler mal-sucedido. Eduardo lançou Élder, que passou para Paulinho Pimentel. O centroavante, na linha de fundo, conseguiu o drible sobre Nei e cruzou para trás. No domínio, o próprio Élder se enrolou com a bola e não conseguiu finalizar, desperdiçando boa chance para o time de Jaguaré, que tocava mais a bola e tinha mais posse de bola, se preocupando apenas com os contra-ataque do Aracruz.

Dragão cresce

Na melhor chance criada pelo Aracruz, aos 26 minutos, Cal Santos arriscou de fora da área para grande defesa de Wálter, que colocou para escanteio o chute no cantinho direito. Sentindo talvez a pressão para conseguir o resultado, o Aracruz rifava muito a bola e só passou a cadenciar mais o jogo, em busca da jogada 'perfeita',  e aos 29 do primeiro tempo, teve outra oportunidade com Gilmar cobrando falta de longe. Wálter mais uma vez colocou para escanteio.

O Dragão, aos poucos, crescia no jogo. Encolhido, o Conilon passou a dar campo para o rival, e aos 33 minutos David quase abriu o marcador no Estádio do Bambu. Tabata avançou pelo meio e abriu na direita. O atacante ajeitou o corpo e soltou a bomba rasteira, de primeira. A bola passou cruzada, muito perto do poste direito de Wálter. E a galera soltou aquele Uhhh. Aos 42, o jogo foi interrompido para o volante Tililiu trocar sua camisa, totalmente rasgada, possivelmente por algum adversário. Antes do fim da primeira etapa, Paulinho Pimentel ainda finalizou com perigo para grande defesa de Merivaldo, que colocou para escanteio.

Aracruz mata o jogo

A segunda etapa começou sem alterações. Mas o Conilon, nitidamente, estava mais recuado. Fez o que não podia. E pagou caro logo aos sete minutos. Em jogada pelo meio, David recebeu de costas, sofreu a falta, mas Pablo dos Santos Alves deu a lei da vantagem. A bola, então, sobrou limpa para Cal Santos, na altura do pênalti. Com tranquilidade, o volante, que fazia uma bela partida, só tocou por baixo de Wálter, na saída do goleiro do Conilon: 1 a 0 para o Dragão, que fez a Caverna do Bambu explodir de felicidade.

O gol fez o Conilon voltar ao 'normal'. Aridelson sacou dois minutos depois o volante Fábio Santos, para a entrada de Emílio, que vinha sendo titular até então. E o time de Jaguaré começou a partir para cima, dando o contra-ataque para o Aracruz, que a esse ponto do jogo era campeão capixaba, trazendo de volta a vantagem que havia perdido no jogo de ida.

Aos 19 minutos, a pá de cal no sonho do Conilon. O Aracruz a essa altura era o dono do jogo e ampliou o marcador, fazendo o Bambu tremer. A jogada começou de forma despretenciosa, com David, pela esquerda. O atacante segurou a bola de costas, e recebeu falta desnacessária do lateral-direito Léo, na linha de fundo, bem próximo ao escanteio. Na cobrança de Cal Santos, a bola passou por todo mundo e sobrou para Nei, no segundo pau. O zagueiro só teve o trabalho de escorar de cabeça: 2 a 0 para o Dragão. O título estava mais próximo.

Gol do título

Atordoado, o Conilon não mais se encontrou no jogo. Totalmente abatido, o time foi presa fácil. Após o tempo técnico, na primeira jogada do ataque do Aracruz, aos 24 minutos, Gilmar fez o terceiro e 'matou' o jogo no Bambu. Após cruzamento de Helinho, a zaga de Jaguaré falhou e a bola se ofereceu para o camisa dez e capitão da equipe. Gilmar levantou a cabeça e estufou as redes de Wálter, com um chutaço de peito de pé, de direita. O delírio tomava conta das arquibancadas do Eugênio Bitti.

Aí era só tocar a bola, segurar um pouco as investidas do Conilon e esperar o momento certo de soltar o grito de é campeão. Antes do fim, aos 35 minutos, a torcida ainda pode vibrar com mais um gol, agora de David, fechando o caixão da equipe de Jaguaré. Helinho mais uma vez cruzou, a zaga falhou e David bateu: 4 a 0. Paulinho Pimentel, aos 41 minutos, ainda descontou, ao bater e ver a bola desviar no zagueiro Marco Anônio. De nada adiantou.
Faltando pouco menos de dois minutos para o final da partida, a torcida do Aracruz não se conteve e começou a soltar o grito na garganta, que estava preso desde 1993, quando o time fracassou diante do Linhares. Agora não. Agora a festa era tricolor. A festa era do Aracruz, campeão capixaba. No finzinho, já nos acréscimos, Ricardo Paraíba ainda perdeu um gol digno de Deivid, do Flamengo, aos 46, em cima da linha, o que seria o 4 a 2.

Aracruz 4 x 1 Conilon

Aracruz: Merivaldo; Helinho, Nei (Nino), Diogo e Ayrton; Léo Gonçalves, Tabata, Cal Santos (Robson) e Gilmar; Euler (Maycon) e David. Técnico: Moreno

Conilon: Wálter; Léo, Márcio Gleik, Fernando e Élder; Bruno Mineiro, Tililiu, Fábio Santos (Emílio) e Eduardo (Ricardo Paraíba); Edu e Paulinho Pimentel. Técnico: Aridelson Bianchi

Estádio: Eugênio Bitti (Bambu)
Árbitro: Pablo dos Santos Alves
Gols: Cal Santos, aos sete, Nei, aos 19, Gilmar, aos 24, David, aos 35, e Paulinho Pimentel, aos 41 minutos do 2º tempo
Público: 5 mil pagantes
Renda: R$ 83 mil

Gazeta Online / http://gazetaonline.globo.com/
Foto: Vitor Jubini

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