Drama é apelido. No jogo mais emocionante da Copa do Mundo até agora, o  Uruguai arrancou nesta sexta-feira uma classificação heroica para as  semifinais. Após o empate em 1 a 1 no tempo normal, Gana teve a vitória  nas mãos - duas vezes - no último minuto da prorrogação. Na primeira,  Suárez salvou com a mão em cima da linha. Pênalti. Mas Gyan, craque do  time, fez explodir no travessão a chance da glória. E o castigo veio a  galope. Na disputa de cobranças da marca fatal, triunfo sul-americano  por 4 a 2. O goleiro Muslera defendeu duas vezes, e coube ao  botafoguense Loco Abreu decidir no chute final, com direito a cavadinha.  Incrédula, a África se despede do seu Mundial. E a Celeste avança,  cheia de moral, para encarar nas semis a Holanda, algoz do Brasil. Festa  azul para um Soccer City lotado.
O jogo que vale vaga na decisão está marcado para terça-feira, às  15h30m, na Cidade do Cabo. A outra semi terá o vencedor de Argentina x  Alemanha enfrentando Espanha ou Paraguai.
No tempo normal, Muntari abriu o placar, e Forlán, de falta, deixou tudo  igual. No último minuto da prorrogação, o atacante Suárez, herói das  oitavas contra a Coreia do Sul, estava no lugar certo: em cima da linha,  para salvar com a mão o que seria o gol da classificação rival.  Expulso, o camisa 9 viu a grande chance de Gana morrer no travessão e  vibrou como se tivesse balançado a rede.
Na disputa de pênaltis, brilharam mais duas estrelas. Primeiro, a do  goleiro Muslera, que foi buscar as cobranças de Mensah e Adiyiah.  Depois, a de Loco Abreu, que tinha entrado no segundo tempo. Coube a ele  o tiro final – e nem de longe foi um tiro. A exemplo do que tinha feito  na decisão do Estadual do Rio neste ano, contra o Flamengo, o atacante  do Botafogo tirou onda diante dos 84.017 torcedores em Joanesburgo:  partiu para a bola e deu uma cavadinha para matar o goleiro Kingson e  sacramentar a classificação celeste.
Uruguai começa bem; Gana reage
O jogo mais "loco" da Copa começou com 10 minutos sonolentos. A partir  dali, o Uruguai aumentou o volume, mas chance de gol, que é bom,  esbarrava sempre em Kingson.
Aos 11, Suárez costura pela esquerda, chuta forte e... Kingson nela.
Aos 17, Forlán bate escanteio, a bola desvia em Cavani, no peito de  Mensah e... Kingson nela.
Aos 25, o arremesso lateral encontra Suárez, que bate de pé direito  e... Kingson nela.
Foi aí que Gana, cansada de ver seu pobre goleiro no sufoco, resolveu  responder. Vorsah foi o primeiro a aparecer, ganhando de Lugano no alto e  cabeceando para fora aos 29. Um minuto depois, Prince Boateng puxou o  contra-ataque, aplicou um drible da vaca em Victorino e cruzou no pé de  Gyan, que bateu para fora. Gyan perdendo gol? Era só um prenúncio.
Aos 37, o zagueiro Lugano saiu machucado. Ele não aguentou a dor no  tornozelo, fruto de uma queda na cobrança de um escanteio. Deu lugar a  Scotti e passou a braçadeira de capitão a Forlán. O camisa 10, aliás, já  jogava como capitão: corria o campo todo, orientava os companheiros e,  de quebra, cobrava todos os escanteios, mas não conseguia transformar  seu talento em gols.
Falando em gol, Gana continuava ensaiando. Aos 44, Prince tentou uma  finalização de bicicleta, mas errou o alvo. Era o prefácio do que seu  colega Muntari faria em seguida. Dois minutos depois, ele limpou o lance  fora da área e soltou a bomba. Meio gol de Muntari, meio gol da  Jabulani, que tomou um incrível efeito e escapou do alcance de Muslera.
Gana 1 a 0, fim do primeiro tempo, corrente dos jogadores africanos no  campo antes da saída para o vestiário. Meio caminho andado para manter o  continente vivo na Copa.
Meio caminho, contudo, não é caminho inteiro. E o Uruguai voltou para a  segunda etapa disposto a mudar o cenário. Depois de roer o osso  cobrando sete escanteios no jogo, Forlán enfim ganhou uma chance de  provar o filé.
Tudo igual no Soccer City
Falta para o Uruguai perto da área, no lado direito do ataque. Com a  braçadeira amarela no braço, o camisa 10 bateu forte, por cima da  barreira. O goleiro Kingson, que tinha brilhado no início da partida,  desta vez pulou meio estranho. Bola na rede, placar empatado em 1 a 1,  vuvuzelas caladas no Soccer City.
Gana só precisou de dois minutos para responder, com chute potente de  Gyan, que parou nas mãos de Muslera. Aos 16, Forlán cruzou no pé direito  de Suárez, que concluiu na rede pelo lado de fora.
Ainda sem saber que viraria herói usando a mão, Suárez teve outra  grande chance com o pé aos 25, quando pintou livre na área. Aí sim,  Kingson apareceu bem, espalmando para escanteio. Aos 36, foi Maxi  Pereira que desperdiçou grande chance no contra-ataque, chutando por  cima do travessão. O Uruguai atacava mais e parecia mais inteiro. Gol,  no entanto, nada.
As duas seleções ainda tiveram chances nos últimos minutos, mas nada  que assustasse os goleiros. E o jogo foi para a prorrogação.
Adrenalina de sobra
A primeira metade do tempo extra foi truncada, com corpos indo ao chão  toda hora, faltas duras, pedidos de pênalti - mal sabiam que sete deles  estavam por vir. Naquele momento, o português Olegário Benquerença  mandava o jogo seguir. E ele seguia.
Na virada para os últimos 15 minutos, Gana percebeu que precisava  decidir a partida. Foi para cima e perdeu boas chances: com Gyan, de  cabeça, aos quatro, e Appiah, que matou no peito mas não conseguiu  concluir aos sete. Forlán ainda teve seu momento com um chute dentro da  área, mas mandou para fora a última oportunidade uruguaia com bola  rolando.
No minuto derradeiro da prorrogação, o inesperado. Suárez salvou uma  bola com a mão em cima da linha. Pênalti para Gana. Era a grande chance  de manter a África viva na Copa e fazer a sinfonia de vuvuzelas se  esgoelar no Soccer City. Gyan, que já tinha feito dois gols de pênalti  no Mundial, correu decidido a se consagrar. Caiu em desgraça. A bola  explodiu no travessão, e o jogo foi para a disputa de cobranças na marca  fatal. Suárez nunca comemorou tanto o efeito de um cartão vermelho -  veja no vídeo ao lado.
Forlán, Victorino e Scotti fizeram os dois primeiros do Uruguai,  enquanto Gyan - em busca de redenção - e Appiah repetiram a dose para os  africanos. Foi aí que brilhou a estrela de Muslera: o goleiro da  Celeste pegou as cobranças de Mensah e Adiyiah, abrindo caminho para o  toque de mestre de Loco Abreu.
O atacante botafoguense não se intimidou com a grandeza da Copa do  Mundo. Correu tranquilo para a bola e, como se estivesse no Estadual do  Rio, bateu com a já famosa cavadinha. Matou Kingson e fez o Uruguai  explodir em euforia no Soccer City. Na tristeza dos africanos, o Mundial  viu um desfecho digno para o seu jogo mais emocionante.
Ficha técnica
Uruguai 1x1 Gana
Local: Estádio Soccer City, Joanesburgo
Data: 02/07, segunda-feira
Árbitro: Olegário Benquerença (POR)
Público: 84.017
Cartões Amarelos: Jorge Fucile, Egidio Arévalo, Diego  Pérez (Uruguai), John Pantsil, Hans Sarpei, John Mensah (Gana)
Gols: Sulley Muntari aos 47’/1T (Gana), Diego Forlán  aos 10’/2T (Uruguai)
Pênaltis: Diego Forlán, Mauricio Victorino, Andrés  Scotti, Sebástian Abreu (Uruguai), Asamoah Gyan, Stephen Appiah (Gana).
Uruguai 
1-Fernando Muslera, 16-Maximiliano Pereira, 2-Diego Lugano (19-Andrés  Scotti aos 37’/1T), 6-Mauricio Victorino e 4-Jorge Fucile; 15-Diego  Pérez, 17-Egidio Arévalo, 20-Álvaro Fernández (14-Nicolás Lodeiro, no  intervalo); 10-Diego Forlán, 7-Edinson Cavani (13-Sebástian Abreu aos  30’/2T) e 9-Luis Suárez. Técnico: Oscar Tabárez.
Gana 
22-Richard Kingson, 4-John Pantsil, 15-Isaac Vorsah, 5-John Mensah e  2-Hans Sarpei; 6-Anthony Annan, 7-Samuel Inkoom (10-Stephen Appiah aos  28’/2T), 21-Kwadwo Asamoah, 23-Kevin-Prince Boateng e 11-Sulley Muntari  (18-Dominic Adiyiah aos 43’/2T); 3-Asamoah Gyan. Técnico:  Milovan Rajevac.
Foto: Getty Images
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Caro Roberto,
ResponderExcluirconfordo contigo.
Foi um jogo emocionante, mas não pela técnica e sim pela disputa.
O Uruguai mostrou mais raça, pois, ficou nítido o esgotamento físico no final do jogo, os jogadores de Gana são mais privilegiados nesse aspecto.
A Holanda deve passar pelo Uruguai, mesmo torcendo pelos companheiros sulamericanos.
A final deve ser entre Alemanha e Holanda, numa revanche de 74, como postei no meu Blog.
Um forte abraço.
Concordo com você, mais torço que a Celeste chegue na final.Abraços
ResponderExcluirNeste dia eu descobri que não sou cardiaca...hahahahaha
ResponderExcluirbjssssssssss