Com a combinação do talento de duas revelações em termos de cenário internacional, o meia-atacante Mulota Kabangu e o goleiro Muteba Kidiaba, e muita eficiência, o Mazembe deu sequência a sua surpreendente campanha  na Copa do Mundo de Clubes da FIFA 2010 ao derrotar o Internacional por 2 a 0, nesta terça-feira, e chegar à decisão nos Emirados Árabes Unidos.
Esta é a primeira vez que uma equipe de fora da América do Sul e da Europa alcança a final da competição. Os bicampeões africanos agora aguardam o vencedor do duelo entre a Internazionale de Milão e o Seongnam Chunma, que se enfrentam nesta quarta-feira, também em Abu Dhabi.
Assim como fez contra o Pachuca nas quartas, o Mazembe foi muito oportunista para somar seu segundo triunfo seguido – e também o segundo em sua história no Mundial, após ter sofrido dois reveses em 2009. O time teve poucas oportunidades de balançar a rede, geralmente só com chutes de longa distância. Mas, nas exatas duas ocasiões em que pôde invadir a área colorada, acabou aproveitando.
A primeira veio aos 53 minutos, quando um lançamento de longe encontrou Amia Ekanga na borda da área, pelo meio. Ele cabeceou para a esquerda rapidamente e encontrou Kabangu, que dominou bem, preparando para a finalização, para dar um tapa na bola. Com muita categoria, encontrou o canto esquerdo escancarado de Renan.
O gol fatal saiu aos 85, com Dioko Kaluyituka, em grande jogada individual. Em contra-ataque pela esquerda, ele pedalou para cima de Guiñazu, se aproximou da área e chutou firme, rasteiro, no cantinho, sem chances de defesa para Renan. Um golpe duríssimo para as pretensões de bicampeonato do Internacional, que sonhava em repetir a conquista de 2006.
Domínio sem pressão
O primeiro tempo foi praticamente de um time só, com o time gaúcho controlando as ações no gramado. Ainda que não tenham exercido uma forte pressão sobre o adversário, os colorados dominaram a posse de bola e passaram boa parte do tempo no campo de ataque, ao contrário do que ocorreu com o Pachuca nas quartas de final.
O problema foi uma certa falta de criatividade na armação das jogadas. A marcação do Mazembe era aplicada, com muita capacidade física, mas o meio-campo formado por Wilson Mathias, Guiñazu, Tinga e Andrés D’Alessandro teve liberdade para atuar, sem muita eficiência.
A principal chance de gol saiu aos 11 minutos, quando Alecsandro roubou a bola na intermediária, tabelou com o meia argentino e cruzou rasteiro, certeiro, na direção de Rafael Sobis. O atacante bateu de primeira, de chapa, e acabou barrado por Kidiaba, que espalmou no reflexo.
Até conseguir seu primeiro gol, o time congolês só havia ameaçado a meta brasileira com um chute de fora da área do mesmo Kabangu. Foi uma pancada, com efeito, que exigiu uma defesa em dois tempos de Renan.
Oportunismo
No segundo tempo, depois de abrir o placar com oito minutos de bola rolando, o Mazembe se fechou como pôde em seu campo defensivo. O técnico Celso Roth procurou mudar o padrão de sua equipe e sacou um volante. O Inter tentou sair para o abafa e chegou a desenvolver mais chances. Mas seus atacantes esbarraram de frente com o atlético Kidiaba.
Destaque no triunfo contra os mexicanos, o goleiro voltou a brilhar em Abu Dhabi. Se sua postura debaixo da trave não é das mais ortodoxas, é inegável que seus reflexos tranqüilizam seus zagueiros. Sua defesa mais importante aconteceu aos 59 minutos, quando Rafael Sobis ficou sozinho na grande área, de cara para o gol após um desarme errado pelo alto. O atacante chutou forte de esquerda, mas o arqueiro esperou paciente em sua posição e espalmou para  o lado.
D’Alessandro e Nei ainda tentaram, mas, aos poucos, o Inter foi perdendo rendimento em sua luta contra o relógio, até levar o contragolpe fatal no final, para decepção dos milhares de gaúchos presentes no estádio em Abu Dhabi. Do outro lado, a bandinha dos torcedores do Mazembe seguia com sua festa animada, enquanto os jogadores dançavam e comemoravam muito em campo, prontos para mais surpresas.

Ficha Técnica
TP Mazembe 2 x 0 Internacional
Local: Mohammed Bin Zayed Stadium, em Abu Dhabi
Árbitro: Bjorn Kuipers
Auxiliares: Berry Simons e Sander Van Roekel
Público: 22.131 pagantes
Cartões Amarelos: Nkulukuta e Kasulula (Mazembe); Índio (Internacional)
Gols: Kabangu aos 7’/2T e Kaluyituka aos 40'/2T (Mazembe)
TP Mazembe
Kidiaba, Nkulukuta, Kasusula, Kimwaki e Ekanga; Bedi, Mihayo e Kasongo; Singuluma, Kabangu (Kanda) e Kaluyituka.
Técnico: Lamine N'Diaye.
Internacional
Renan; Nei, Bolívar, Índio e Kleber; Wilson Matias, Guiñazu, Tinga (Giuliano) e D’Alessandro; Rafael Sobis (Oscar) e Alecsandro (Leandro Damião).
Técnico: Celso Roth.
AFI
FIFA.com
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