sábado, 9 de janeiro de 2010

Jogador que ganhou chuteira de Zico vira dono de Lan House

De celebridade precoce à moeda de troca. Assim pode ser resumida a trajetória de Pintinho no Flamengo. Uma história que teve início promissor, final decepcionante e que completa 20 anos em fevereiro de 2010. Em meio à tristeza pela aposentadoria de Zico em 1989, os torcedores rubro-negros chegaram a acreditar que aquele momento seria também o início de uma nova era na Gávea. A começar pelo surgimento de uma grata promessa nas divisões de base.

Um garoto, de então 14 anos, era tratado com status de craque. Foi escolhido entre dezenas de jovens como o sucessor do maior ídolo do clube. E recebeu das mãos do próprio Galinho uma relíquia: o par de chuteiras que este usara até momentos antes de deixar o futebol. O glamour em torno de Pintinho era tanto que o jovem se tornou da noite para o dia um dos "integrantes" do dream team rubro-negro.

- Conheci vários países com a equipe masters. Viajei com eles para a Inglaterra, Cingapura, Hong Kong e Malásia - relembrou o atacante, que trocou passes com o melhor time de todos os tempos do Flamengo.

No entanto, Pintinho nunca jogou pelo time profissional rubro-negro. Logo que foi puxado dos juniores, veio uma sucessão de empréstimos a clubes pequenos. Até que em 2001, o atacante recebeu passe livre e nunca mais pisou na Gávea

- Nunca atuei pelo time de cima, sempre fui emprestado para ganhar experiência. Vários garotos, que não tinham metade do meu futebol, estrearam. O problema é que eu nunca tive empresário. Não confiava neles, preferia eu mesmo decidir pelos meus contratos - afirmou o ex-jogador de Ceará, Valencia (Venezuela), Nacional (Manaus), Moto Club (Maranhão), Castanhal (Pará), Votoraty (São Paulo), Maranguape (Ceará), Santa Quitéria (Maranhão), Volta Redonda.

Símbolo dos áureos tempos, as chuteiras que um dia foram de Zico viraram uma espécie de amuleto de Pintinho. Não importa o paradeiro, o atacante sempre carrega a relíquia consigo. Além de dezenas de recortes de jornais da época, o troféu que ninguém mais tem é guardado com carinho.

- As chuteiras estão inteiras, limpinhas. Elas nunca foram usadas por mim. De vez enquanto algum conhecido pede para ver. Também tenho várias faixas de campeão. Cheguei ao Flamengo com 11 anos e conquistei 17 títulos pelas categorias de base - contou.

Por outro lado, o Galinho lembra que torceu o nariz quando lhe pediram para entregar as chuteiras a Pintinho. Nada contra o potencial daquele jovem, mas pensando no peso que aquele par poderia representar na carreira do jogador.

- Lembro que havia uma esperança muito grande em relação a ele, pelas boas atuações que vinha tendo nas categorias de base. A diretoria do clube me fez um pedido para que, como aconteceu com o Carlinhos quando se despediu e me entregou as chuteiras, eu fizesse o mesmo com o Pintinho. Relutei bastante quanto a isso, pois poderia acarretar numa cobrança muito grande, uma responsabilidade maior e uma pressão enorme em cima do menino. As comparações não iam deixar de acontecer. Acho que tinha razão. Mas, como foi um pedido do clube, aceitei – recordou Zico.

Aos 33 anos, Pintinho está desempregado. No início do ano treinou no Moto Club, mas não chegou a um acordo para o restante da temporada. Os pais moram em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, porém ele preferiu residir no Maranhão para ajudar um sobrinho que sonha ser jogador de futebol.

- Vim para cá há três anos. Tenho dois terrenos e sou dono de uma lan house. O futebol me deu oportunidade de conhecer pessoas e lugares, mas dinheiro eu nunca vi (risos) - brincou o atleta, que pretende jogar por mais dois anos.

Uma vez por ano, ele desembarca no Rio de Janeiro. Entretanto, desde 2001 - quando foi emprestado ao Volta Redonda - não pisa na Gávea. Motivo de rancor? O jogador garante que não.

- Não guardo mágoas do Flamengo, a minha carreira continuou. Só que prefiro passar minhas férias ao lado da minha família. Não sobra tempo para ir à Gávea. Guardo boas lembranças de três ou quatros pessoas de lá - defendeu.

Pintinho também perdeu contato com Zico. Não encontra o Galinho há quase dez anos. No entanto, ele mantém vivo na memória o último diálogo entre ambos.

- Ele pediu para que eu não jogasse por outro clube assim que recebesse passe livre (em 2001). Mas não pude atendê-lo. Não continuei no Flamengo, só que venci em todos os outros time que defendi. Fui campeão cearense, venezuelano, amazonense e maranhense - gabou-se.

Do outro lado do mundo, o Galinho lamentou o fato de o jogador não ter deslanchado no clube rubro-negro.

- (O Pintinho) Tinha qualidade, boa técnica e poderia ter sido melhor aproveitado. Lamento que ele não tenha sido bem sucedido no clube, mas pelo que apresentava, reunia todas as possibilidades de fazer carreira no Flamengo – afirmou o verdadeiro e único Zico.

www.maranhaoesportes.com

2 comentários:

  1. Saudações!
    Que Post Fascinante!
    Amigo Roberto, essa é mais um história que a vida reserva para muitos... Mas, se olharmos por outro ângulo, penso que ele ainda está bem, tem saude e continua trabalhando.
    Parabéns pelo Post!
    Abraços,
    LISON.

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  2. Obrigado Lison. A vida dá muitas voltas e nem sempre o futuro é aquilo que desejamos

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