Lembrado por excentricidades, goleiro René Higuita dá adeus ao futebol

Poucos jogadores de futebol tiveram, nos últimos anos, a capacidade de divertir torcedores mundo afora como o goleiro René Higuita, lembrado por suas saídas arriscadas do gol e excêntricas defesas, como o famoso "escorpião" em um amistoso contra a Inglaterra, em Wembley.

No entanto, aos 43 anos, com os últimos 25 passados embaixo das traves, o ícone de uma geração do futebol colombiano que contava também com o meia Carlos Valderrama decidiu pendurar as luvas.

No próximo domingo, no estádio Atanasio Girardot de Medellín, Higuita fará seu jogo de despedida, tendo a seu lado ex-companheiros de seleção e do Atlético Nacional, entre outros.

- Tenho uma sensação nostálgica e incômoda, que aumenta à medida em que vai chegando este momento, embora já estivesse me preparando para isso - afirmou o goleiro à rádio "Caracol”.

Higuita, que fora da Colômbia atuou em equipes como Real Valladolid (Espanha), Veracruz (México), Aucas (Equador) e Guaros (Venezuela), explicou que não poderá chamar os astros do futebol mundial que pretendia trazer para seu adeus, pois a maioria deles está se preparando para a próxima Copa do Mundo.

Dessa forma, segundo ele, estarão em campo "jogadores colombianos como Córdoba, Valderrama, García, Iguarán, De Ávila, entre outros".

O goleiro, que marcou 52 gols durante sua carreira, reconheceu ainda que, "sem dúvida alguma", uma jogada que o tornou inesquecível no mundo do futebol foi o célebre "escorpião" - defesa feita com os calcanhares, em um movimento parecido com um salto mortal para a frente.

Uma das mais dolorosas foi a tentativa de drible no veterano atacante Roger Milla, na prorrogação das oitavas de final da Copa do Mundo de 1990. O camaronês roubou a bola de Higuita e completou para o gol, causando a eliminação da Colômbia.

Campeão da Taça Libertadores de 1989 com o Atlético Nacional, o goleiro foi convocado também para o Mundial de 1994, nos Estados Unidos, mas não foi ao torneio por ter sido preso, acusado de agir como intermediário em um sequestro.

Higuita declarou também sua intenção de escrever uma biografia, e disse que não deverá ficar muito tempo longe do futebol, pois planeja voltar como técnico, dirigente ou preparador de goleiros. Talvez, para formar outros com seu mesmo estilo excêntrico.
EFE
Foto: Arquivo